segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mini-Fic: Eu não acredito no amor - Parte 2


Até que uma mulher aparece atrás dele. Ela tinha cabelos longos, num tom castanho escuro. Ela era bonita. Muito bonita. Mas não gostei da maneira que ela me olhou. Ela me olhou como se me estivesse esnobando. Como se fosse melhor que eu.

Tudo bem por aqui amor?_perguntou ela abraçando-o de imediato. Parecia que se estava sentindo ameaçada.



Eu esbarrei com a senhora e acidentalmente derramei o café nela._disse apontando pra mim.

Não se importe querido. Acidentes acontecem a toda a hora._ela sorriu falsamente para mim. Eu pouco me importei e então resolvi sair dali.

Bem, eu já vou indo. Está na minha hora._então apenas sai dali. Ouvi ele me chamando, mas nem olhei para trás.

Eu estava me sentindo uma idiota por ter sentido coisas com ele que ninguém nunca despertou em mim. Meu coração parecia que ia saltar do peito, minhas mãos suavam, estava nervosa, e pior que tudo isso, não conseguia tirar a imagem dele da minha cabeça. Isso é o fim do mundo. Como é que um simples estranho consegue fazer isso? Eu nem sei o nome dele. Eu devia me concentrar no trabalho, mas eu simplesmente não consigo. E isso é uma droga!

15 de Dezembro de 2009, Paris, França.

Querem saber o que aconteceu depois daquele dia? Nada. Pelo menos até à noite passada. Apenas trabalho e mais trabalho e isso conseguiu me distrair um pouco. Viver em Paris não é fácil. A cidade pode ser muito movimentada ás vezes. E isso me irrita muito! Vocês não devem saber, mas eu tenho um escritório no centro da cidade. É lá que eu trabalho todos os dias no anonimato, e é lá que todas as minhas acções são geridas por mim. O meu apartamento fica perto do escritório. É um local calmo e dou graças a Deus por isso. E o melhor de tudo é que fica perto da Torre Eiffel, do local no rio onde costumo ir todas as noites e da Starbucks. É, posso dizer que Starbucks é o meu grande, e único vicio. Bem, vocês devem mesmo é querer saber o que aconteceu a noite passada não é? Pois então eu conto pra vocês. Eu resolvi mudar um pouco meu destino na noite passada e em vez de ir para um banco perto do rio Sena com meu cappuccino, fui para um parque, perto da estação do metro da Torre Eiffel, ainda com o meu cappuccino. O parque era lindo e muito bem iluminado. Tinha vários bancos, baloiços para as crianças brincarem e a relva do jardim era num tom de verde claro. Era bem visível o orvalho nela por causa da humidade do tempo. O parque estava bem vazio comparado ao que costumava estar. Havia poucos casais ali e uma pessoa ao longe, apoiada na grade da ponte do metro. Um homem de cabelos negros, alto e forte. Ele estava vestido com um sobretudo preto e parecia estar perdido nos seus pensamentos enquanto olhava o céu. Fazia muito frio naquela noite. Apesar de ser inverno e o frio estar sempre bem presente aqui em Paris, nessa noite fazia mais frio do que o normal. Mas mesmo assim o céu continuava lindo. Estava bem estrelado e visivelmente sem nuvens. Eu aproximei-me da pequena ponte e sentei-me num dos bancos, cruzando as pernas e colocando uma das mãos no bolso do sobretudo preto que vestia, na tentativa de a aquecer, enquanto a outra segurava o cappuccino. Eu não estava mal vestida para a ocasião. Estava com umas calças jeans escuras, uma bota sem salto de cano alto preta, uma camisola de gola bege de malha, o sobretudo preto e as luvas pretas. Eu não previa que fizesse tanto frio assim essa noite. Eu poderia ir embora, mas algo me fez ficar. A paz do lugar me fez ficar. Eu fiquei ali por uns bons minutos, apenas pensando. Na verdade, pensando no rapaz com que esbarrei dias atrás. Ele não saíra da minha cabeça até hoje. Eu tinha a consciência de que provavelmente nunca mais o veria. Eu estava meio perdida nos meus pensamentos até que meus olhos se direccionaram ao homem que tinha visto anteriormente. Ele agora estava com a cabeça apoiada nas suas mãos, olhando para o chão, enquanto seus cotovelos estavam apoiados na grade. Ele parecia estar chorando agora. Isso só me despertou a curiosidade. Ele podia estar com algum problema e precisar de ajuda. Mas também podia ser um estrupador. Mas por favor né? Quem é que ia estrupar alguém no meio de um parque movimentado que ainda por cima é bem iluminado? Ninguém. Então resolvi me aproximar. Eu fiquei do lado dele e apoiei os antebraços na grade, virada para a estação de metro que ficava na nossa frente. Daqui conseguia ver o horizonte, onde o sol se punha. Seria um local perfeito para os casais apaixonados verem o pôr do sol, mas não eu. Eu estava a uma distância razoável dele e ainda não lhe tinha conseguido ver o rosto. Ele ainda estava na mesma posição que antes e agora tinha a certeza de que ele estava chorando. Ele ainda não tinha dado pela minha presença. Até que me pronunciei.

A vida é uma droga não é mesmo?_disse enquanto dava um gole no meu cappuccino sem tirar os olhos da vista à minha frente.

Pode ter a certeza que é._disse ele com a voz falha, provavelmente por causa do choro.

Eu reconheci aquela voz de imediato. Era o rapaz com que esbarrei no Starbucks, dias atrás. Mas como estava em dúvida virei meu rosto, direcionando o meu olhar a ele e vi-o levantar o rosto para ver quem estaria do lado dele. Era ele, o rapaz que não saia da minha cabeça ha dias. O choque bateu em mim como um tapa e os sentimentos que tive antes, voltaram. Mãos suando, coração batendo rápido no peito, nervosismo… Tudo estava presente de novo. E eu odiava isso! E como! A expressão no rosto dele era uma misto de choque com surpresa. E devo dizer que a minha não devia ser diferente. Nunca me passou pela cabeça que voltaria a vê-lo. Após a pequena surpresa, ele sorriu de canto entre as poucas lágrimas que escorriam. Ele depressa as limpou e estendeu a mão para mim, me cumprimentando.

Sou Joseph_disse sorrindo simpático_Apenas Joe.

Demetria_disse enquanto estendia minha mão para o cumprimento_Apenas Demi.

Pensei que nunca mais veria você_ele disse me fitando com um sorriso tímido no rosto.

Igualmente_sorri sincera.

Era incrível a rapidez que meu coração batia. E era ainda mais incrível como ele me conseguia pôr nervosa com a presença dele e me pôr tão à vontade com sua voz.


Continua...

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