segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Troubled Teenager - Parte 1

Regresso à escola.

_Demetria levanta dessa cama imediatamente! Você vai se atrasar e eu não quero que o diretor fique ligando pra mim! Desce logo!
Oi, eu sou Demetria, uma adolescente comum como você. Não queria que se assustassem logo de início, mas sim, essa era a minha mãe gritando. Simpatia de pessoa né? Ela sempre fica gritando todas a manhãs para que eu não demore a me arrumar. Eu não percebo esse desespero dela, ela sabe que eu tenho um despertador humano que faz tudo da melhor maneira possível. Na verdade ele acabou de invadir o meu quarto. Deus me dê paciência.

_Bom dia pequena._Esse ser lindo que se deitou ao meu lado e que acabou de me dar um beijo na testa é o meu melhor amigo Joseph, mais conhecido por despertador humano ou porto seguro.
_Porque ninguém me deixa dormir?_Joseph riu e apertou o bico que eu fazia. Eu conseguia ser bem manhosa quando queria.
_Porque você é tão preguiçosa hein? Anda, vamos levantar!
Ele era tão mandam! Que raiva que me dava quando ele era assim. Afundei mais o rosto na almofada e puxei as cobertas para esconder a cabeça. Eu sabia que não iria ganhar aquela batalha, Joseph sempre se dava bem. Isso porque eu não conseguia ficar com raiva dele por muito tempo. Um ponto fraco que ele conhece. Que raiva dele!
_Hoje tem que ir arrastada? Posso viver com isso._Sorri sabendo que ele não podia ver e soltei um grito quando o senti puxar meu pé por baixo das cobertas. Se meu pai vivesse cá em casa, seria um problema Joseph entrar no meu quarto e ele, meu pai, nos ver desse jeito. Estar sobre o ombro de Joseph de regata e cueca box não deve ser uma das imagens favoritas de um pai. Graças a Deus minha mãe é mais liberal.
_Acordou agora?_Perguntou o idiota sorrindo quando me soltou na porta do banheiro. Eu não tenho problemas em estar vestida desse jeito na frente dele e nem ele tem problemas em me ver desse jeito, nós somos melhores amigos desde que eu me entendo por gente e nos respeitamos muito para que pensamentos maliciosos existam no meio.
_Não tenho outra opção, né Joseph?_Fingi estar zangada e o idiota caiu nessa. Ele sempre cai.
_Pequena, você sabe que temos que ir para a escola. É o primeiro dia de regresso ao nosso paraíso._Disse irônico enquanto me abraçava. Era fofo quando ele me chamava de pequena, mas eu sempre me sentia estranha quando ele o fazia. Não que ele soubesse. Para evitar quaisquer constrangimentos, soltei-me dele e adentrei no melhor banheiro da casa, o meu.
_Paraíso só se for para você né? Vai ter novas garotas pra pegar._Falei revirando os olhos sem parar de lavar os dentes enquanto Joseph me observava da porta. Nem a minha mãe me via num estado vergonhoso daqueles logo de manhã, mas Joseph fazia questão de ver de camarote.
_Você não pode falar muito, ou esqueceu que tem o idiota do Brian te esperando?_Falou se aproximando e me abraçando por trás. Ele era incrivelmente mais alto que eu então sempre tinha que se curvar para apoiar a cabeça na curva do meu pescoço. Olhei o nosso reflexo no espelho e de alguma forma a imagem de nós dois juntos parecia certa. Percebi que ele devia estar pensando o mesmo e por isso escondeu o rosto em meu pescoço. Sorri com a boca toda suja de pasta de dentes e senti-o sorrir também, sabendo que ele me achava fofa mesmo estando toda descabelada.
_Você que é idiota Jonas._Falei depois que nosso ‘momento’ passou. Dei uma cotovelada nele de brincadeira quando voltou a me olhar._Afinal o que aconteceu entre vocês dois?_Perguntei agora séria._Sempre foram amigos mas estão estranhos desde que ele foi para aquele acampamento. Bem, em relação a ele eu já nem digo nada porque ele nem dá mais sinais de vida, mas você eu não entendo._Falei sem olhá-lo. Já fazia um tempo que eu havia reparado que algo havia acontecido entre aqueles dois, mas esperava que Joseph viesse até mim e me contasse, o que não aconteceu, por isso resolvi falar de uma vez.
_Porque acha que aconteceu algo? Ele sempre foi idiota, apesar de ser meu amigo._Mesmo com ele sorrindo eu percebi que tinha algo errado, mas resolvi não insistir. Mesmo que quisesse, não daria tempo de conversar. Eu tinha que me arrumar.
_Tudo bem Sr. Idiota. Agora deixa eu me arrumar para o outro idiota que você tanto ama._Falei expulsando-o do banheiro enquanto ele ria. Gargalhada gostosa por sinal.
Sim, Joseph era idiota, mas era isso que eu mais gostava nele. Na verdade eu não imagino minha vida sem ele por perto e é disso que eu mais tenho medo. Eu sei que vou crescer esse ano, me formar e provavelmente mudar de cidade e aí nunca mais o verei. Eu não sei o que ele pensa sobre isso, mas de qualquer jeito, eu só tenho dezasseis anos e prefiro pensar que tenho muito tempo para me preocupar com isso, mesmo sabendo que esse é o último ano antes de ir para a faculdade de artes.
Toda a gente já foi adolescente um dia e por isso todos sabem o quão complicado isso pode ser. Ser adolescente é como escolher a roupa que vai usar no concerto de sexta-feira à noite ou como convencer os pais a deixarem você dormir fora de casa: um dilema e na maioria das vezes, um drama.
Os pais, na sua maioria, não nos entendem. Eles crescem, vão para a faculdade, casam e têm filhos e a maior parte das vezes acabam por esquecer que foram adolescentes também. É claro que existem exceções, mas isso normalmente só acontece com os outros e aí você se pergunta, “Porque não posso ter pais como ele?”. Parece que eles sofrem amnésia ou algo assim. Nossos pais estão tão habituados a serem responsáveis e protetores que chega a uma altura em que não sabem lidar com a gente! Isso não é justo! Não é justo quando o seu namorado termina o vosso relacionamento e você ainda tem que ouvir uma lição de moral da sua mãe sobre o porquê de não poder comer um pote de sorvete sozinha, ou ouvir o seu pai dizer que meninas de quinze anos ficam grávidas por fazerem sexo e que se isso acontecer com você, mesmo tendo dezasseis, será expulsa de casa. Quer dizer eles realmente acham que você ficará virgem até ao casamento? Estamos no século XXI e a verdade é que os nossos pais esquecem que têm que evoluir junto com os tempos.
Mas o grande problema de ser adolescente não é apenas esse! Ainda tem a escola e a sociedade em que você está inserido. Tem o namorado, a garota que da em cima do seu namorado, as amigas, os amigos, o melhor amigo e o fato de estar apaixonada por ele e ainda tem a mesma garota que da em cima do seu namorado dando em cima do seu melhor amigo também. Bem, esse é o tipo de garota conhecida por “VMP” o que significa “Vadia Mais Popular” em linguagem adolescente.
Quando um adolescente entra correndo em casa e se atira para cima da cama de qualquer jeito enquanto cascatas saem de seus olhos, bem aí com certeza temos um motivo para desesperar. Se você for garota, provavelmente terá que gastar um pote de sorvete dos maiores que pode haver e se você for garoto, bem não sei como é exatamente porque na verdade eu sou uma garota e não entendo o mundo do macho, mas acho que na melhor das hipóteses você irá se trancar num quarto escuro ouvindo rock no volume máximo enquanto joga a bola de basquete contra a parede.
Um problema adolescente que não é propriamente discutido, exceto com seus amigos, é o sexo. S.E.X.O! Sexo não é um assunto a discutir com os seus pais depois da “conversa base”. E com conversa base refiro-me àquela conversa que sua mãe ou seu pai têm com você depois que menstrua ou depois de ter a primeira ereção. Quer dizer, sua mãe espera mesmo que você lhe mande uma mensagem de texto assim que você acaba de perder a virgindade? Ela tem sorte se você contar uns meses depois. Isso é algo privado e intimo, e por vezes os pais não compreendem isso, o que acaba por ser mais constrangedor do que ficar vendo um filme com cenas eróticas em família.
Outro problema, e este não é menos ou mais importante que os restantes, é o último ano do colegial. É nesse ano que você decide toda a sua vida! Você tem um ano cheio de escolhas que vão ter consequências mais tarde. Literalmente! Você fica com a cabeça a rondar os 300km/h com tanta coisa em que pensar. São decisões sérias. Decisões de adulto! Mas aí você pensa, "Caraca, eu sou um adolescente, não um adulto! Porque tenho que decidir isso?". O esclarecimento dessa dúvida é que os nossos pais, professores e até o homem da barraquinha de sorvete querem que a gente sofra antecipadamente!
E quando eu digo sofrer, é sofrer mesmo. Os adultos pensam que somos nós que fazemos drama, mas só nós é que sabemos como é escolher algo que você vai ter que fazer para o resto da sua vida sem que se arrependa, só nós é que sabemos o quanto custa ter que se separar de amigos que você teve durante a vida toda e só nós é que sabemos o quanto doí ter que se separar da pessoa que você ama.
Eles não entendem, mas mesmo assim, esperam que a gente suba naquele palquinho para receber o diploma de formatura com um falso e gigante sorriso. Sim, aquela droga de papel é um passaporte para o inferno da vida adulta. É aquele bocado de papel traficado que dita a regra de que acabaram as festas em casa dos amigos, que acabaram os concertos às sextas-feiras, ou até que acabaram as fugas com o seu melhor amigo para aquela ponte junto ao rio em que ninguém passa, significando que o vosso lugar já não era mais vosso. A formatura pode ser a melhor coisa do mundo, mas na verdade é uma droga por trazer tanta mudança em tão pouco tempo em nossa vida.
A verdade é que ser adolescente é a profissão mais complexa que pode existir e eu tenho a prova disso, tal como os restantes milhões de adolescentes pelo mundo.
_DEMETRIA!_Sério, eu vou matar este desgraçado por me matar de susto.
_O que foi Joseph?_Perguntei com uma calma que não sentia.
Foi aí que olhei para o que estava à minha frente e me deparei com a escola. Tínhamos chegado e eu nem tinha dado conta. Senti que meu corpo colava ainda mais ao assento do carro e senti Joseph agarrar minha mão carinhosamente.
_É o último ano Joey._De repente toda a minha confiança tinha-se esvaído e eu não sabia como recuperá-la. A única coisa que eu sabia naquele momento é que assim que entrasse por aqueles portões, começaria uma contagem decrescente para o fim da minha adolescência, e junto dela, minha amizade com Joseph.
_Hey, olha pra mim._Pediu ele com aquela voz que me acalmava quando meu coração parecia querer saltar do peito._Não pense nisso. Não pense na formatura e muito menos no que vem depois dela._Disse sorrindo. O sorriso dele era contagiante e era impossível não sorrir junto com ele._Vamos apenas viver este dia como se fosse o último, todos os dias, ta bom?
Assenti positivamente e saltei do assento do carro para o colo dele. Joseph abraçou-me surpreso pelo meu ataque de carência e eu dei-lhe um beijo na testa.
Eu não costumo ser carente e muito menos do tipo melosa, mas eu, e todo o mundo, sabia que eu tinha um cuidado especial quando o assunto era Joseph Jonas. Ele era meu melhor amigo e eu queria cuidar dele assim como queria que ele cuidasse de mim.
Nem todos entendiam. Alguns até acham que eu namoro os dois, Joseph e Brian. Nunca na vida. Eu gosto do Brian e nunca o traí, nem penso em fazê-lo, mas Joseph era, como eu disse anteriormente, meu porto seguro.
Eu sabia que dava motivos para que pensassem isso, não importava a hora nem o lugar, eu me agarrava com Joseph sem problemas. Não agarrar de pegação, mas sim agarrar a mão, sentar no colo, rir de coisas sem graça, ou fugir dele quando ele resolve se divertir fazendo-me sofrer com cosquinhas. Não havia pensamentos maliciosos e eu não me importava com o que os outros pensassem. Era eu e ele, e isso era um mundo privado que ninguém tinha o direito de julgar.

Continua...

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